Toque do Espírito

Todos desejam a paz, mas nem todos buscam as coisas que produzem a verdadeira paz.

Tomás de Kempis

O Paralítico de Cafarnaum (Intercessão)


Mc 2,1-12

1. Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum e souberam que ele estava em casa.
2. Reuniu-se uma tal multidão, que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta. E ele os instruía.
3. Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens.
4. Como não pudessem apresentar-lho por causa da multidão, descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e, por uma abertura, desceram o leito em que jazia o paralítico.
5. Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: "Filho, perdoados te são os pecados."
6. Ora, estavam ali sentados alguns escribas, que diziam uns aos outros:
7. "Como pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?"
8. Mas Jesus, penetrando logo com seu espírito tios seus íntimos pensamentos, disse-lhes: "Por que pensais isto nos vossos corações?
9. Que é mais fácil dizer ao paralítico: Os pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?
10. Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho dó homem sobre a terra (disse ao paralítico),
11. eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa.”
12. No mesmo instante, ele se levantou e, tomando o leito, foi-se embora à vista de todos. A, multidão inteira encheu-se de profunda admiração e puseram-se a louvar a Deus, dizendo: "Nunca vimos coisa semelhante."

REFLETINDO:

Nessa passagem chama a atenção um detalhe interessante, contido nos versículos 3 e 5.

“Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens... Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: "Filho, perdoados te são os pecados."

Quatro homens carregam o paralítico, abrem o teto da casa e descem (certamente com muito esforço) o paralítico. Jesus vê a fé de TODOS, mas se dirige apenas ao paralítico.

Ora, aqueles 4 homens não tinham doença física grave, pois se tivessem não teriam descido o paralítico com tanto esforço. Mas é provável que eles também tivessem seus problemas. Pois qual ser humano está isento de dificuldades? Poderiam eles mesmos irem ao encontro de Jesus para pedir uma cura. Mesmo assim aqueles “homens de fé” deixaram seus problemas de lado, e puseram os problemas do paralítico como prioridade.

1 - Eles enfrentaram a multidão, pois não havia espaço “nem mesmo junto à porta”.
2 - Carregaram o peso do paralítico para fazê-lo subir ao teto.
3 - Tiveram de “abrir caminho” pelo teto.
4 - Depois carregaram novamente o peso do paralítico para fazê-lo descer até Jesus.

A história descrita mostra claramente uma INTERCESSÃO. Aqueles homens reconheceram que o paralítico precisava mais de Jesus do que eles. E não mediram esforços para levar o doente até Jesus. Aqui devemos sair da análise simples da doença física e nos determos na INTERCESSÃO PELA CURA ESPIRITUAL.

Faz-se necessário chamar a atenção para os versículos 3 a 5. Somente os 4 homens estão agindo. Jesus vê a fé deles. A fé que move Jesus não parece ser a do paralítico, mas a dos 4 homens. Jesus diz apenas “Filho, perdoados te são os pecados”. O evangelista não fala que Jesus se compadeceu dele, nem Jesus diz as palavras que pronunciou em outras curas “A tua fé te salvou”.

Jesus cura primeiro o espírito do homem, livrando-o do peso dos pecados, depois cura seu corpo, para que se faça conhecer a sua glória entre os homens incrédulos.

Aqui o evangelista nos ensina a sermos intercessores como aqueles 4 homens de fé. Devemos deixar nosso egoísmo de querer os favores de Deus só para nós e lembrarmos das necessidades do irmão. Interceder não é apenas rezar por alguém, mas ser mediador entre esse alguém e Deus.

A verdadeira e sublime intercessão aqui representada mostra que muitas vezes é preciso carregar o peso do irmão incrédulo, passando por entre as multidões. Fazendo-o subir da condição de “paralítico na fé” para o telhado que dará acesso a Jesus. E depois fazê-lo descer com cuidado até alcançar a misericórdia do Mestre.

E se ainda restar dúvidas sobre o bem que é interceder pelo irmão, mesmo que isso implique suportar o “peso” dele, basta olhar a reação de Jesus. Ele não se dirigiu aos 4 homens não porque eles não fossem importantes, mas porque NÃO PRECISAVAM DE CURA. Com corpos sadios e espíritos fortificados na fé, a ponto de estimular Jesus a promover uma cura, esses homens se mostraram perfeitos instrumentos de Deus.

ISSO TAMBÉM É SER CANAL DA GRAÇA DE DEUS NA VIDA DOS IRMÃOS. NÃO APENAS REZAR DE LONGE PELO IRMÃO, MAS AJUDÁ-LO A SAIR DA MISÉRIA ESPIRITUAL REZANDO COM ELE, ATÉ QUE CHEGUE A JESUS E POSSA TOMAR SEU LEITO E CAMINHAR SOZINHO.

Deus nos Abençoe!
Tayson Queiroz

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