COMUNHÃO ESPIRITUAL
A nossa religião é muito completa e somos privilegiados por sermos Cristãos Católicos, isto é, a nossa “Mãe Igreja” não deixa ninguém de fora, não discrimina ninguém. Pelo contrário, acolhe todos com amor e ao mesmo tempo busca esclarecer, ensinar, passar a doutrina da Igreja, ou seja, catequizar.
A nossa Igreja nos oferece muitos meios de estarmos em harmonia com Deus, de fazermos uma experiência com Jesus, de sermos mais íntimos e que dia-a-dia é vivido pelos fiéis. Mas hoje eu quero destacar apenas três realidades que devem ser vividos com profundidade principalmente por aqueles impossibilitados de comungar o Corpo e Sangue de Cristo em espécie por algum motivo: normalmente contra um ou mais dos Dez Mandamentos: matar, roubar, adulterar, prostituir, blasfemar, prejudicar os outros, ódio, etc...
· O próprio Jesus nos diz: “Não só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra que procede da boca de Deus” Então, meus amigos, se você tem o hábito de ler a Palavra, meditar, refletir e principalmente tentar colocar em prática o que ensina a Sagrada Escritura, você já estar em Comunhão com a Igreja, conseqüentemente com os irmãos e com Deus. Nós não nos damos conta da profundidade dessa frase: “não só de pão vive o homem...”, talvez por causa da correria da vida, que não nos deixa prestar atenção nas coisas que se refere a Deus. Nós passamos a vida toda preocupados em estudar, trabalhar, fazer faculdade, casar, cuidar de filhos, escolas dos filhos...ufa! Os trabalhos do dia-a-dia não nos deixa lembrar que a Palavra diz: “Buscai primeiro o Reino de Deus e o mais o será acrescentado”. Temos que aprender a comungar a Palavra de Deus como os fiéis do Antigo Testamento comungavam, isto é, se a Palavra de Deus vive ou existe até hoje, foi porque foi vivida intensamente e difundida pelos profetas, homens e mulheres de Deus. E reparem que naquela época a Eucaristia não havia ainda sido instituída. Eles comungavam somente da Palavra de Deus.
· Uma certa vez, Madre Tereza de Calcutá, ao ser ponderada por não ir a Igreja comungar freqüentemente, devido a priorizar o atendimento aos pobres, necessitados e miseráveis, ela disse: “ O mesmo Cristo que vejo na Hóstia Consagrada, vejo também nos irmãos de rua”. Por acaso ela estava desvalorizando a Eucaristia? Claro que não! A caridade é uma comunhão espiritual das mais lindas e maravilhosas e apaga uma multidão de pecados como dia a Sagrada Escritura. A caridade é uma demonstração de amor ao próximo e o próprio Cristo nos ensinou dizendo: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.” Através da caridade alcançamos também a misericórdia de Deus em nossas vidas.
É Jesus dizendo: Não importa onde estejam e o que fazem, o importante é adorar em Espírito e Verdade”, seja no trabalho, no carro, na cozinha, no ônibus, diante do próprio Jesus Sacramentado. Mentalizem Jesus no sacrário, mentalizem Jesus sacramentado e O adore...façam suas súplicas, ações de graças, dêem louvores e bendizem a Deus, declarem seu amor a Jesus, peçam sua infinita misericórdia e notarão que suas vidas aos poucos serão transformadas.
Por isso meus caríssimos amigos, se por acaso alguma situação te impede de Comungar o Corpo e Sangue de Jesus Cristo em espécie, não se intrigam e não se sintam discriminados. O Cristianismo, a nossa religião, é perfeita, como percebem a Igreja nos oferece vários meios de estarmos unidos a Jesus e em comunhão com a Igreja. O Bom Pastor quer todas as ovelhas reunidas.
Os santos nos passam muitos ensinamentos valiosos sobre a comunhão espiritual, vejam alguns:
ü “Não há meio melhor para se chegar a perfeição. Não percamos tão grande oportunidade para negociar com Deus. Ele (Jesus) não costuma pagar mau a hospedagem se o recebemos bem. Devemos estar na presença de Jesus Sacramentado, como os Santos no céu, diante da Essência Divina”(Santa Teresa de Ávila).
ü “A comunhão destrói a tentação do demônio”(São Tomás de Aquino).
ü “A comunhão diária não pode conviver com o desejo de aparecer, vaidade no vestir, prazeres da gula, comodidades, conversas frívolas e maldosas. Exige oração, mortificação, recolhimento. Ficai certos de que todas os instantes da vossa vida, o tempo que passardes diante do Divino Sacramento será o que vos dará mais força durante a vida, mais consolação na hora d morte e durante a eternidade” (Santo Afonso de Ligório).
ü “O tempo passado diante do Sacrário é o tempo mais bem empregado da minha vida”(Santa Catarina de Gênova).
ü Quereis que o Senhor vos dê muitas graças? Visitai-O muitas vezes. Quereis que Ele vos dê poucas graças? Visitai-O poucas vezes. Quereis que o demônio vos assalte? Visitai raramente a Jesus Sacramentado. Quereis que o demônio fuja de vós? Visitai a Jesus muitas vezes. Quereis vencer ao demônio? Refugiai-vos sempre aos pés de Jesus. Quereis ser vencidos? Deixai de visitar Jesus...”
ü “Quão preciosa seja a Comunhão Espiritual”, Jesus o disse a Santa Catarina de Sena em uma Visão. A Santa temia que a Comunhão Espiritual não tivesse nenhum valor, se comparada com a comunhão Sacramental. Jesus apareceu-lhe em visão, com dois cálices na mão, e disse-lhe: “Neste cálice de ouro ponho as tuas Comunhões Sacramentais, e neste cálice de prata ponho as tuas Comunhões Espirituais”. Este dois cálices me são muito agradáveis (Santa Catarina de Sena).
Meus caríssimos amigos, no livro “Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus” de Anna Catharina Emmeric, que esta irmã narra com um profundo detalhamento baseado em suas visões. Uma mística, estigmatizada e visionária. Até o fim de sua vida, ela suportou os ferimentos de Cristo, não se alimentava de comida mas apenas recebia a Comunhão Eucarística durante alguns anos, permanecendo em êxtase uma grande parte do tempo. Era durante os êxtases que ela testemunhava, em visão, os detalhes da vida de Nosso Senhor. Este livro não detalha apenas a Vida, Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus, mas detalha toda infância de Nossa Senhora até a ressurreição de Jesus. O livro tem aprovação eclesiástica, mas não é um dogma de fé. Li e recomendo este livro que serviu de inspiração para Mel Gibson para o filme “Paixão de Cristo”. E neste livro nós temos uma passagem fenomenal que quero colocar aqui na íntegra o momento da Santa Ceia narrado por Anna Catharina Emmeric em suas visões:
“...Orando com esse amor, partiu o pão nas partes marcadas, as quais amontoou sobre a patena, em forma de pirâmide. Do primeiro bocado quebrou um pedacinho com a ponta dos dedos e deixou-o cair no cálice.
No momento em que o fez, tive a impressão de que a SS. Virgem recebeu o Santo Sacramento espiritualmente, apesar de não estar ali presente. Não sei agora como o vi; mas pensei vê-la entrar pela porta, sem tocar no chão e aproximar-se de Jesus, do lado desocupado da mesa e receber o Santo Sacramento em frente d’Ele; depois não a vi mais. Jesus dissera-lhe de manhã, em Betânia, que celebraria a Páscoa junto com ela, marcando-lhe a hora em que, recolhida em oração, devia recebê-la espiritualmente...” (página 117).
Nossa! Posso dizer sem medo de errar que a Santíssima Virgem Maria foi a primeira a Comungar Espiritualmente. Por que? Simples, ela não podia participar da ceia porque era mulher. Somente homens participavam daquele momento. Então na Instituição da Eucaristia a SS Virgem comungou espiritualmente. Lindo! Maravilhoso consolo para nós cristãos impossibilitados de Comungar em Espécie.
Como podemos perceber, temos três importantíssimas realidades, A Palavra de Deus, a caridade e a Comunhão Espiritual, que nos leva a mais íntima experiência com Jesus.
Deus coloca aqui uma balança, onde podemos colocar a Comunhão Eucarística com a Comunhão da Palavra ou a Comunhão Eucarística com a Comunhão da Caridade ou ainda a Comunhão Eucarística com a Comunhão Espiritual e veremos que a balança não tende ir para baixo em nenhum dos lados.
Oremos:
Creio ó meu Jesus, que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas e desejo-vos possuir em minha alma. Mas como agora não posso receber-vos sacramentalmente, vinde espiritualmente ao meu coração. E, como se já vos tivesse recebido, uno-me inteiramente a vós; não consintais que de vós me aparte”. (Santo Afonso Maria de Ligório).
Por: Kleber Gomes Pereira
Pastoral Familiar
Catedral São Francisco Xavier - Itaguaí
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