Toque do Espírito

Todos desejam a paz, mas nem todos buscam as coisas que produzem a verdadeira paz.

Tomás de Kempis

A Armadura de Deus


Ef 6,10-18


10. Finalmente, irmãos, fortalecei-vos no Senhor, pelo seu soberano poder.
11. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio.
12. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares.
13. Tomai, por tanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever.
14. Ficai alerta, à cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça,
15. e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz.
16. Sobretudo, embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno.
17. Tomai, enfim, o capacete da salvação e a espada do Espírito, isto é, a palavra de Deus.

18. Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos.




REFLETINDO

São Paulo começa essa exortação dizendo “fortalecei-vos no Senhor”. Isso porque a força vem de Deus e cabe a nós exercitarmos nossa fé para sermos mais fortes no espírito. Assim como o corpo precisa do exercício físico para manter-se vigoroso e em bom funcionamento, o espírito também precisa de um constante exercício de fé para se fortalecer e manter-se cheio de vida.

É importante saber uma coisa: São Paulo nos ensina como combater o MAL e não o MAU, ou seja, devemos combater o PECADO e não o PECADOR. “Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas [...] contra as forças espirituais do mal” Além disso, trata-se de um combate interior e não exterior. Paulo não fala de como enfrentar o pecado dos outros, mas de como enfrentar as raízes do pecado dentro de nós mesmos. “... para que possais resistir às ciladas do demônio.”

Tal como o soldado que vai para a guerra, assim é o cristão. Para ser um bom soldado é preciso muito treino, astúcia e força. O cristão também necessita de elementos fundamentais para combater o mal. E, para isso, nada melhor do que usar a armadura de Deus.

1 - Primeiramente devemos estar cingidos com a verdade. Na Bíblia, estar com a cintura cingida significa estar de prontidão, pronto para o trabalho. É por isso que Paulo fala de um estado de alerta. É estar atento às diversas situações da nossa vida e discerni-las à luz da verdade. O compromisso com a verdade deve estar na base de nossas atitudes e pensamentos.

Quando faltamos com a verdade estamos favorecendo o inimigo a entrar em nosso terreno e sugerir nossas próximas atitudes. Jesus mesmo disse que é o caminho, A VERDADE e a vida. CINGIR-SE COM A VERDADE SIGNIFICA GUIAR NOSSOS PASSOS DE ACORDO COM AQUILO QUE JESUS ENSINOU.

É interessante também associar que o ato de cingir-se consiste em amarrar a veste com um cordão que passa pela cintura à altura dos rins. Considerando que para o povo da bíblia os rins eram o lugar dos sentimentos (assim como o coração é para nós, hoje), podemos ainda acreditar que Paulo estivesse justamente nos orientando a “amarrar” nossos sentimentos com o “cordão da verdade”.

Sentimentos verdadeiros, enraizados na verdade que é Jesus, são o primeiro passo para superar o mal. Examinemos nossos sentimentos e vejamos se são verdadeiros, se estão cingidos pela verdade que é Jesus e, se não, reflitamos sobre como fazer isso.

2Depois vestimos nosso corpo com a couraça da justiça. Ora, a justiça é fonte de inúmeras bênçãos para o ser humano.

“Felizes os que têm fome e sede da justiça, porque serão saciados.” (Mt 5,6)
“Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.” (Mt 5,10)
“Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo mais vos será dado por acréscimo.” (Mt 6,33)

Quem busca a justiça de Deus, recebe dEle a justa recompensa do Reino dos Céus e tudo aquilo de que necessita é dado por acréscimo. Ela é uma couraça, pois quem se reveste de justiça recebe a justiça e as bênçãos de Deus, de modo que ai o mal não pode entrar.

Mas cuidado! A couraça deve estar também ligada ao cordão da verdade, de modo que tudo aquilo que Jesus ensinou devemos praticar e ensinar também. “Se vossa justiça não for maior que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.” (Mt 5,20)

3 – Os pés devem estar calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da Paz. Ir aonde o Espírito mandar. Atender sempre ao chamado do Senhor.

Devemos aqui lembrar o que Deus disse a Moisés: “Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa.” (Ex 3,5b) Fica claro que devemos tirar nossas vaidades e “achismos” e calçar a prontidão para o serviço e as idéias do Evangelho. Logo depois de Moisés tirar as sandálias Deus diz: VAI, eu te envio ao faraó para tirar do Egito os israelitas, meu povo. [...] EU ESTAREI CONTIGO, respondeu Deus.” (Ex 3,10b.12a)

O calçado é aquilo que protege os pés das pedras do caminho. Dá firmeza no andar e dissipa o medo de se machucar. Por isso quem calça a prontidão do Evangelho segue firme em seu caminho, pois Deus está com ele. Aquele que tira suas próprias idéias para “calçar” a prontidão do Evangelho tem a presença certa de Deus em sua vida.

4 – Segundo Paulo, devemos usar, principalmente, o escudo da fé, para apagar os dardos inflamados do Maligno. Ora, o escudo é aquilo que protege o soldado de ser ferido ou até mesmo morto. Paulo ensina que nossa fé deve ser essa proteção.


São várias as passagens em que Jesus diz “A tua fé te curou” ou “A tua fé te salvou”. Se Jesus fez questão de mostrar várias vezes que a fé realiza prodígios, devemos fazer dela um elemento indispensável em nosso combate diário. A fé é o escudo que nos fecha para o mal e, ao mesmo tempo, nos abre para a graça de Deus.

Mas cuidado! Um escudo fragilizado não suporta o combate. Para estarmos bem protegidos é preciso ter um escudo fortalecido. Por isso os discípulos sentiram dificuldades:

19. Então os discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsar este demônio?
20. Jesus respondeu-lhes: Por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: Transporta-te daqui para lá, e ela irá; E NADA VOS SERÁ IMPOSSÍVEL.” (Mt 17,19-20)

Devemos, pois, fortificar nossa fé para que ela nos seja um escudo prodigioso. Um escudo que apaga dardos inflamados, não pode ser de madeira. Deve ser de metal. E para forjar um escudo de metal é preciso fogo. Dessa forma concluímos que o escudo da fé, para ser forte e resistente e apagar o fogo do inimigo, precisa ser forjado no fogo do Espírito. Deixemos nossa fé arder no fogo do Espírito para que seja para nós escudo de salvação e realização de prodígios.

5 – Também compõe a armadura o capacete da salvação. O capacete é a parte da armadura que protege a cabeça dos ataques inimigos. Dessa forma, Paulo, ao propor o capacete da salvação, está querendo dizer que aquele que coloca a salvação em sua cabeça mantém-se livre de pensamentos impuros.
 

Quando se combate com o objetivo da salvação, os demais pensamentos não penetram o nosso íntimo. Ora, o pior pensamento para aquele que combate é o medo, que o impede de agir e faz buscar uma posição de comodismo. No combate da fé, o capacete da salvação ajuda a livrar dos medos e demais pensamentos mundanos. Não devemos ter medo, pois Deus está conosco.

6 – Por fim, a espada do Espírito, que é a palavra de Deus. A espada é a arma com que lutamos. É com ela que derrotamos o inimigo. Diz a carta aos Hebreus “A palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes...” (Hb 4,12)


Mas a espada não é uma exclusividade do cristão. O inimigo também tem suas espadas. E, assim como a nossa espada é a palavra de Deus, o inimigo também se utiliza da palavra para nos ferir. A manipulação da palavra, a deturpação do sentido, a interpretação errada apenas para benefício próprio, tudo isso é espada do inimigo.

No deserto, vemos claramente o inimigo manipulando a palavra, fazendo dela uma espada quebrada e enferrujada para ferir Jesus. Mas Jesus também brandiu a sua espada, a palavra viva e eficaz, forte e inquebrantável, e destruiu as armas do inimigo. (Mt 4,1-11)

No duelo das espadas, vence a mais forte. E para fazer uma espada forte é preciso temperá-la no fogo e depois enrijecê-la na água. É preciso deixar a palavra de Deus formar-se em nós, temperada pelo fogo do Espírito, enrijecida pela água do batismo, sinal indelével de nossa pertença a Deus. A mesma água que jorrou do coração de Jesus, para curar os corações e lavar os pecados, junto ao fogo do Espírito Santo que habita em nós e nos dá a vida.

PEÇAMOS A DEUS ESSA ÁGUA E ESSE FOGO PARA FORJAR EM NÓS A ARMADURA DELE. QUE SEJAMOS VERDADEIROS GUERREIROS DO ESPÍRITO. SEMPRE PRONTOS A COMBATER O MAL. PERSEVERANDO NA ORAÇÃO, EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS, SUPLICANDO POR NÓS E POR TODOS OS CRISTÃOS, COMBATENTES NA FÉ.


Tayson Queiroz

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