Toque do Espírito

Todos desejam a paz, mas nem todos buscam as coisas que produzem a verdadeira paz.

Tomás de Kempis

O profeta Elias e a viúva de Sarepta - Sair de si

1Rs 17

"1. Elias, o tesbita, um habitante de Galaad, veio dizer a Acab: Pela vida do Senhor, Deus de Israel, a quem sirvo, não haverá nestes anos orvalho nem chuva, senão quando eu o disser.
8. Então o Senhor disse-lhe:
9. Vai para Sarepta de Sidon e fixa-te ali: ordenei a uma viúva desse lugar que te sustente.
10. Elias pôs-se a caminho para Sarepta. Chegando à porta da cidade, viu uma viúva que ajuntava lenha. Chamou-a e disse-lhe: Por favor, vai buscar-me um pouco de água numa vasilha para que eu beba.
11. E indo ela buscar-lhe a água, gritou-lhe Elias: Traze-me também um pedaço de pão.
12. Pela vida de Deus, respondeu a mulher, não tenho pão cozido: só tenho um punhado de farinha na panela e um pouco de óleo na ânfora; estava justamente apanhando dois pedaços de lenha para preparar esse resto para mim e meu filho, a fim de o comermos, e depois morrermos.
13. Elias replicou: Não temas; volta e faze como disseste; mas prepara-me antes com isso um pãozinho, e traze-mo; depois prepararás o resto para ti e teu filho.
14. Porque eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: a farinha que está na panela não se acabará, e a ânfora de azeite não se esvaziará, até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a face da terra.
15. A mulher foi e fez o que disse Elias. Durante muito tempo ela teve o que comer, e a sua casa, e Elias.
16. A farinha não se acabou na panela nem se esgotou o óleo da ânfora, como o Senhor o tinha dito pela boca de Elias."
17. Algum tempo depois, o filho desta mulher, dona da casa, adoeceu, e seu mal era tão grave que já não respirava.
22.O Senhor ouviu a oração de Elias: a alma do menino voltou a ele, e ele recuperou a vida."

 

Olhar para essa história é ver como Deus exige de nós o “sair de si”, mesmo em circunstâncias totalmente adversas e até extremas. Sendo aquela mulher, viúva e desamparada, e prestes a morrer, Deus envia o profeta para ser sustentado por ela. Em vez de a pobre viúva ser amparada, ela é que deveria amparar. Em vez de um homem de bem a sustentar, ela é que deveria sustentar um homem.

A situação fica mais constrangedora quando Deus diz a Elias que ordenou à viúva que o sustentasse, mas a viúva parecia não saber de nada. No entanto, ao ouvir o pedido de Elias, que estava sedento, a viúva, mesmo estando para morrer de fome, vai buscar água para o profeta, sem questionar e sem se afligir por sua própria condição. Talvez que a ordem que Deus deu à viúva, não tenha sido uma ordem verbal, mas uma ordem moral, espiritual, um ordenamento do ser daquela mulher que, mesmo desamparada, vivia não para si, mas para os outros.

Ao ouvir o segundo pedido do profeta, a viúva fala, então, de sua situação. Mais uma vez somos surpreendidos pela viúva, que parece se afligir primeiramente, não por não ter o que comer, mas por não ter um pão já cozido para servir ao profeta. A atitude despojada da viúva faz cumprir a promessa do Senhor e, onde antes havia penúria e a sombra da morte, agora havia fartura e vida. Vida esta representada também pelo filho da viúva, que volta à vida pela oração do profeta.

Parece que é justamente na generosidade de nosso coração que Deus encontra terreno fértil para manifestar também a Sua generosidade em abundância. Mesmo que nossa alma esteja árida, sem ter nem ao menos um pouco de orvalho que refresque a noite, somos chamados a cuidar daqueles que Deus põe em nosso caminho. Desse modo teremos sempre um alimento espiritual e se cumprirá em nós a promessa que diz que “a farinha da panela não acabará e a ânfora de azeite não esvaziará” até o dia em que o Senhor fizer chover de novo suas consolações em nossa alma.

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