Toque do Espírito

Todos desejam a paz, mas nem todos buscam as coisas que produzem a verdadeira paz.

Tomás de Kempis

As nossas tentações



A pluralidade e a multiplicidade das tentações encontram seu fundamento na tríplice concupiscência de que nos fala o Apóstolo João em sua primeira epístola: “... tudo o que há no mundo – concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e orgulho da vida – não vem do Pai mas procede do mundo” (1Jo 2,15).

Como se sabe, segundo João, o “mundo” do qual o fiel precisa afastar-se não é o mundo criado, obra de Deus, confiada ao domínio do homem; mas é o símbolo e o sinal de tudo aquilo que se separa de Deus, isto é, o contrário do “Reino de Deus”.

São portanto os três aspectos do mundo de que o cristão, para se manter fiel à mensagem de Jesus, deve manter-se afastado: os apetites sensuais; o anseio excessivo pelos bens terrestres, que iludem o homem quando este os considera como o fundamento da vida; e enfim a soberba autossuficiência em face de Deus... as “três concupiscências”, são as três grandes tentações a que todo cristão vai ser submetido no transcurso de sua vida na terra.

Mas na base dessa tríplice tentação encontramos a primitiva e oniabrangente tentação do próprio Satanás dirigindo-se aos nossos progenitores: “... sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal” (cf. Gn 3,5).

Mas o primeiro Adão se escolhe a si mesmo em vez de Deus, cai na tentação e se vê mísero e frágil... “nu” e “escravo do pecado” (cf. Jo 8,34).

Mas o segundo Adão, Cristo, reafirma contra Satanás a fundamental, estrutural e ontológica dependência do homem em relação a Deus. O homem, diz-nos Cristo, não é humilhado, mas exaltado na sua mesma dignidade sempre que se prostra para adorar o Ser Infinito, seu Criador e Pai: “Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele servirás!” (Mt 4,10).


Beato João Paulo II

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