A Alegria Cristã
Há uma incompatibilidade da vida
cristã com a tristeza. O verdadeiro cristão deve viver alegre, não obstante as
dificuldades vividas e a consciência de seus pecados.
A infinita bondade e
misericórdia de Nosso Senhor superam em abundância as tristezas do mundo. Tão
certos estavam os santos disso, sobretudo Dom Bosco e São Felipe Neri, que
chegaram a ter a alegria como elemento constitutivo de seus ensinamentos. Eles
compreenderam que a alegria não é apenas meta da vida cristã, mas também ponto
de partida. Como diz Eclo 30,23:
“A alegria do coração é a
vida do homem, e um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna
mais longa a sua vida.”
Um coração voltado para o
Senhor, fonte de todo bem, não pode permanecer triste. Aquele que busca o Sumo
Bem, eterno e imutável, não pode entristecer-se pelas coisas do mundo.
Haverá, sem dúvidas,
momentos de inquietação e dor, mas nosso coração esteja de tal modo voltado
para Deus, que não fique preso no terreno infértil das preocupações do mundo,
mas fixe-se no terreno das promessas de Deus.
“No mundo haveis de ter
aflições. Coragem! Eu venci o mundo.” (Jo 16,33)
“Não vos preocupeis, pois,
com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada
dia basta o seu cuidado.” (Mt 6,34)
No solo do mundo cresce o
joio, que parasita nossa vida e suga de nós a força e o ardor da santidade. No
solo santo das promessas divinas semeia-se a esperança e colhe-se a alegria e
abundante é a colheita.
Não foi um desejo
desordenado de sofrer, fruto de um desequilíbrio psicológico, que fez tantos
homens e mulheres abraçar a cruz e aceitar o martírio. Eles enxergaram um bem
maior, que os dispôs aos sofrimentos deste mundo, na certeza de alcançar
tesouros maiores.
Associamos a vida eterna
com um caminho de sofrimentos e amarguras porque ainda temos em muita conta as
coisas deste mundo. O que torna o sofrimento aceitável e até desejável é a
certeza do porvir. O Senhor abraçou a cruz não por encontrar nela seus
deleites, mas por sabê-la tão precioso instrumento que o levaria à vontade do
Pai.
Por isso, Santa Teresa de
Ávila, grande mestra da vida espiritual, disse acertadamente:
“Venham desamparos, cruzes
e desgraças. Sendo Deus o teu tesouro, nada te falta.”
Plantemos nossas
esperanças no solo das promessas divinas. Reguemos com orações, louvores,
lágrimas, suor e, se preciso, sangue e experimentaremos, ainda nesta vida, algo
dos frutos de alegria eterna.
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