Toque do Espírito

Todos desejam a paz, mas nem todos buscam as coisas que produzem a verdadeira paz.

Tomás de Kempis

A Alegria Cristã


Há uma incompatibilidade da vida cristã com a tristeza. O verdadeiro cristão deve viver alegre, não obstante as dificuldades vividas e a consciência de seus pecados.

A infinita bondade e misericórdia de Nosso Senhor superam em abundância as tristezas do mundo. Tão certos estavam os santos disso, sobretudo Dom Bosco e São Felipe Neri, que chegaram a ter a alegria como elemento constitutivo de seus ensinamentos. Eles compreenderam que a alegria não é apenas meta da vida cristã, mas também ponto de partida. Como diz Eclo 30,23:

“A alegria do coração é a vida do homem, e um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a sua vida.”

Um coração voltado para o Senhor, fonte de todo bem, não pode permanecer triste. Aquele que busca o Sumo Bem, eterno e imutável, não pode entristecer-se pelas coisas do mundo.

Haverá, sem dúvidas, momentos de inquietação e dor, mas nosso coração esteja de tal modo voltado para Deus, que não fique preso no terreno infértil das preocupações do mundo, mas fixe-se no terreno das promessas de Deus.

“No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo.” (Jo 16,33)

“Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado.” (Mt 6,34)

No solo do mundo cresce o joio, que parasita nossa vida e suga de nós a força e o ardor da santidade. No solo santo das promessas divinas semeia-se a esperança e colhe-se a alegria e abundante é a colheita.

Não foi um desejo desordenado de sofrer, fruto de um desequilíbrio psicológico, que fez tantos homens e mulheres abraçar a cruz e aceitar o martírio. Eles enxergaram um bem maior, que os dispôs aos sofrimentos deste mundo, na certeza de alcançar tesouros maiores.

Associamos a vida eterna com um caminho de sofrimentos e amarguras porque ainda temos em muita conta as coisas deste mundo. O que torna o sofrimento aceitável e até desejável é a certeza do porvir. O Senhor abraçou a cruz não por encontrar nela seus deleites, mas por sabê-la tão precioso instrumento que o levaria à vontade do Pai.

Por isso, Santa Teresa de Ávila, grande mestra da vida espiritual, disse acertadamente:

“Venham desamparos, cruzes e desgraças. Sendo Deus o teu tesouro, nada te falta.”

Plantemos nossas esperanças no solo das promessas divinas. Reguemos com orações, louvores, lágrimas, suor e, se preciso, sangue e experimentaremos, ainda nesta vida, algo dos frutos de alegria eterna.

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