Toque do Espírito

Todos desejam a paz, mas nem todos buscam as coisas que produzem a verdadeira paz.

Tomás de Kempis

"Eu Sou a Voz Que Clama no Deserto..." - Identidade Missionária

Jo 1,19-28


19. Este foi o testemunho de João, quando os judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntar: 'Quem és tu?'
20. João confessou e não negou. Confessou: 'Eu não sou o Messias'.
21. Eles perguntaram: 'Quem és, então? És tu Elias?' João respondeu: 'Não sou'. Eles perguntaram: 'És o Profeta?' Ele respondeu: 'Não'.
22. Perguntaram então: 'Quem és, afinal? Temos que levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo?'
23. João declarou: 'Eu sou a voz que grita no deserto: 'Aplainai o caminho do Senhor' - conforme disse o profeta Isaías.
24. Ora, os que tinham sido enviados pertenciam aos fariseus
25. e perguntaram: 'Por que então andas batizando, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?'
26. João respondeu: 'Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis,
27. e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias.'
28. Isso aconteceu em Betânia além do Jordão, onde João estava batizando.


REFLETINDO


João poderia ter se assumido como o profeta que antecedia o Messias, mas isso seria uma “pregação de títulos” e não geraria verdadeira conversão. É semelhante à tentação de Jesus no deserto quando o demônio sugere a Jesus que se jogue do alto do templo para que os anjos venham protegê-lo (Mt 4, 5-7). Se Jesus tivesse feito isso, certamente teria causado inúmeras “conversões”, mas todas falsas, sem raízes, baseadas apenas no impulso da admiração, mas sem o compromisso do amor.

Do mesmo modo, se João Batista tivesse se definido como o profeta que antecedia o Messias, as conversões não teriam raízes, por serem baseadas apenas na emoção dos tempos messiânicos. João Batista queria um compromisso sério e, para tal, não disse um nome ou título, mas sua própria missão.

Curioso lembrar que, na Bíblia, o nome significa a própria pessoa e sua característica de vida. Muitos personagens bíblicos mudaram os nomes depois de terem mudado de vida a partir de um encontro pessoal com Deus, tal como Abrão que passou a se chamar Abraão, que significa ‘pai de uma multidão’ (Gn 17,5), Jacó que passou a se chamar Israel, que significa ‘aquele que luta com Deus’ (Gn 32,38), ou ainda Simão que passou a se chamar Pedro, que significa ‘pedra’. (Mt 16,18)

João Batista, ainda no ventre de Isabel, já havia tido esse encontro pessoal com Jesus, por meio de Maria (Lc 1,39-44).

João assume integralmente que ele é aquilo para que nasceu, ou seja, sua missão. É o compromisso de cumprir inteiramente a vontade de Deus. João era o profeta precursor do Messias. Não era o Cristo, mas ia adiante dEle (Lc 1,17a; Jo 1,27). Não era Elias, mas tinha o espírito e poder dele (Lc 1,17b). Ele já era cheio do Espírito Santo ainda no ventre de Isabel (Lc 1,15).

Diante de todas essas possibilidades de honra, João Batista preferiu se definir apenas como “A voz que clama no deserto...” e é exatamente em meio à aridez espiritual de muitos que João prega o batismo de conversão, batizando com água. (Jo 1,26).

QUE SEJAMOS NÓS TAMBÉM VOZES QUE CLAMAM NO DESERTO, LEVANDO A ÁGUA DO BATISMO DE CONVERSÃO PARA LAVAR A ARIDEZ DE TANTOS CORAÇÕES ENDURECIDOS E RESSECADOS COMO PEDRA. QUE A VAIDADE DOS TÍTULOS NÃO EXISTA ENTRE NÓS, MAS PREVALEÇA O AMOR PELO COMPROMISSO DO REINO.


Tayson Queiroz

Comentários

Mais Visitadas

Total de visualizações de página