O Evangelho de Lucas – Parte 01
Conforme orientação da CNBB
para estudarmos o Evangelho de Lucas nesse mês da Bíblia, iremos ver aqui um
breve estudo exegético tirado do livro “Chave para a Bíblia”, objetivando ser
um apoio a mais para o desenvolvimento da proposta “Discípulos missionários a
partir do Evangelho de Lucas”.
UNIVERSALISMO
Lucas pode ser chamado o
evangelista para todos os homens, porque escreve de maneira a ser entendido por
todos os homens. Sabe que o Senhor ressuscitado, tão presente a ele e à sua
comunidade, anseia por estar presente a toda a comunidade humana. A nota de
universalismo, sustentada através de todo o evangelho, ressoa primeiro na
narrativa da infância. Os anjos que anunciam o nascimento de Jesus invocam a
paz sobre a terra “entre os homens que ele (Deus) ama” (2,14); essa paz vem na
pessoa do próprio Filho de Deus, “luz para iluminar as nações” (2,32; cf. Is
42,6; 49,6). Isaías é citado também nas palavras do Batista: “E toda a carne
verá a salvação de Deus” (3,6). E é em abono dessa visão que Lucas faz
retroceder a genealogia de Jesus até Adão, pai de toda a humanidade (3,23).
Para Jesus – e para o
cristão que se dispuser a segui-lo – ninguém é “estrangeiro”; ninguém é
desprezado por ele, e nada é mesquinho demais para o seu amor universal. A
última incumbência confiada por Jesus é que “fosse proclamada a conversão para
a emissão dos pecados a todas as nações, a começar por Jerusalém” (24,47) –
incumbência que nos Atos Lucas mostrou já estar sendo cumprida, beneficiando-se
da pregação os judeus, aos quais também era oferecida a mensagem, uma vez que
era universal – e que ele próprio
está ajudando a levar a cabo, inclusive com o seu evangelho escrito. “Pareceu
conveniente” a Lucas (1,3) inculcar sua mensagem de universalismo o mais
vivamente possível, e por isso incluiu no seu evangelho, como nenhum dos outros
evangelistas faz, a parábola do bom samaritano (10,30-37). Com certeza Jesus
achou que só através dessa história pungente e sugestiva, tirada do mundo
cotidiano de seu povo, poderia inculcar-lhe a verdade de que todas as
barreiras, todas as distinções de pessoas caem perante as exigências absolutas
do amor. Escrevendo seu evangelho
para todos os homens – impelido pelo amor de seu próprio coração – bem assimilara
Lucas essa vital palavra do Senhor, palavra portadora de novidade de vida e de
paz.
Fonte: Harrington,
Wilfrid John. Chave para a Bíblia: a revelação, a promessa, a realização. São
Paulo: Paulus, 1985
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