Toque do Espírito

Todos desejam a paz, mas nem todos buscam as coisas que produzem a verdadeira paz.

Tomás de Kempis

O Evangelho de Lucas – Parte 01


Conforme orientação da CNBB para estudarmos o Evangelho de Lucas nesse mês da Bíblia, iremos ver aqui um breve estudo exegético tirado do livro “Chave para a Bíblia”, objetivando ser um apoio a mais para o desenvolvimento da proposta “Discípulos missionários a partir do Evangelho de Lucas”.

UNIVERSALISMO

Lucas pode ser chamado o evangelista para todos os homens, porque escreve de maneira a ser entendido por todos os homens. Sabe que o Senhor ressuscitado, tão presente a ele e à sua comunidade, anseia por estar presente a toda a comunidade humana. A nota de universalismo, sustentada através de todo o evangelho, ressoa primeiro na narrativa da infância. Os anjos que anunciam o nascimento de Jesus invocam a paz sobre a terra “entre os homens que ele (Deus) ama” (2,14); essa paz vem na pessoa do próprio Filho de Deus, “luz para iluminar as nações” (2,32; cf. Is 42,6; 49,6). Isaías é citado também nas palavras do Batista: “E toda a carne verá a salvação de Deus” (3,6). E é em abono dessa visão que Lucas faz retroceder a genealogia de Jesus até Adão, pai de toda a humanidade (3,23).

Para Jesus – e para o cristão que se dispuser a segui-lo – ninguém é “estrangeiro”; ninguém é desprezado por ele, e nada é mesquinho demais para o seu amor universal. A última incumbência confiada por Jesus é que “fosse proclamada a conversão para a emissão dos pecados a todas as nações, a começar por Jerusalém” (24,47) – incumbência que nos Atos Lucas mostrou já estar sendo cumprida, beneficiando-se da pregação os judeus, aos quais também era oferecida a mensagem, uma vez que era universal – e que ele próprio está ajudando a levar a cabo, inclusive com o seu evangelho escrito. “Pareceu conveniente” a Lucas (1,3) inculcar sua mensagem de universalismo o mais vivamente possível, e por isso incluiu no seu evangelho, como nenhum dos outros evangelistas faz, a parábola do bom samaritano (10,30-37). Com certeza Jesus achou que só através dessa história pungente e sugestiva, tirada do mundo cotidiano de seu povo, poderia inculcar-lhe a verdade de que todas as barreiras, todas as distinções de pessoas caem perante as exigências absolutas do amor. Escrevendo seu evangelho para todos os homens – impelido pelo amor de seu próprio coração – bem assimilara Lucas essa vital palavra do Senhor, palavra portadora de novidade de vida e de paz.

Fonte: Harrington, Wilfrid John. Chave para a Bíblia: a revelação, a promessa, a realização. São Paulo: Paulus, 1985

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