Toque do Espírito

Todos desejam a paz, mas nem todos buscam as coisas que produzem a verdadeira paz.

Tomás de Kempis

Jesus: Convidado ou Anfitrião da nossa vida? - A pecadora perdoada


Lc 7,36-50


36. Um fariseu convidou Jesus a ir comer com ele. Jesus entrou na casa dele e pôs-se à mesa.
37. Uma mulher pecadora da cidade, quando soube que estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro cheio de perfume;
38. e, estando a seus pés, por detrás dele, começou a chorar. Pouco depois suas lágrimas banhavam os pés do Senhor e ela os enxugava com os cabelos, beijava-os e os ungia com o perfume.
39. Ao presenciar isto, o fariseu, que o tinha convidado, dizia consigo mesmo: Se este homem fosse profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que o toca, pois é pecadora.
40. Então Jesus lhe disse: Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Fala, Mestre, disse ele.
41. Um credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinqüenta.
42. Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos a sua dívida. Qual deles o amará mais?
43. Simão respondeu: A meu ver, aquele a quem ele mais perdoou. Jesus replicou-lhe: Julgaste bem.
44. E voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para lavar os pés; mas esta, com as suas lágrimas, regou-me os pés e enxugou-os com os seus cabelos.
45. Não me deste o ósculo; mas esta, desde que entrou, não cessou de beijar-me os pés.
46. Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta, com perfume, ungiu-me os pés.
47. Por isso te digo: seus numerosos pecados lhe foram perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor. Mas ao que pouco se perdoa, pouco ama.
48. E disse a ela: Perdoados te são os pecados.
49. Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer, então: Quem é este homem que até perdoa pecados?
50. Mas Jesus, dirigindo-se à mulher, disse-lhe: Tua fé te salvou; vai em paz.


REFLETINDO


Durante esta reflexão teremos a oportunidade de refletir sobre nossa relação com Deus. Que tipo de relação eu tenho com Ele? Eu sou como o fariseu ou como a pecadora?

Aprendemos muitas vezes que devemos convidar Jesus para entrar na nossa casa, para ficar conosco, para ser o nosso amigo. Isso é muito bom! Jesus gosta quando nós o convidamos para entrar na nossa vida, assim como fez o fariseu. Ele não nos nega a visita.

Mas, provavelmente, muitas vezes tratamos Jesus realmente como uma visita. Imaginemo-nos como aquele fariseu. Nós convidamos Jesus para vir à nossa casa, Ele vem e nós ceamos juntos. Durante a ceia conversamos descontraidamente, Jesus nos conta algumas histórias, fala um pouco sobre os patriarcas e os profetas e nós aprendemos sobre o Reino de Deus. Depois Jesus, por educação, se levanta para ir embora e nós, ao invés de convidá-lo para ficar, apenas nos despedimos dEle... Ou o convidamos, Ele fica, mas sempre o tratamos como... convidado.


É mais ou menos assim que acontece no dia-a-dia.

Que bom seria se fôssemos como a pecadora. Ela não simplesmente convidou Jesus para entrar em sua casa, mas foi ao encontro dEle fazer morada em Seu coração. As mulheres não eram tão valorizadas naquela época, sobretudo se fossem pecadoras públicas. Eram tratadas com desprezo e exclusão. Mas ao ouvir que Jesus estava na casa do fariseu, ela não quis saber se seria rejeitada por ser uma pecadora. Aquela mulher foi ao encontro do verdadeiro banquete.

A pecadora sabia que não tinha dignidade e talvez nem condições financeiras para convidar Jesus a entrar em sua casa. Mas aquela mulher também compreendeu que não era ela ou o fariseu que ofereciam o banquete, mas que o verdadeiro banquete era Jesus que oferecia.

JESUS NÃO É UM SIMPLES CONVIDADO EM NOSSAS VIDAS. NA VERDADE, É ELE O ANFITRIÃO E NÓS É QUE SOMOS OS CONVIDADOS PARA A CEIA DO SENHOR.

Aquela mulher talvez não se sentisse digna de estar na presença de Jesus, tanto que não O olhou nos olhos, mas chegou por detrás e se colocou aos Seus pés. Diante da presença do Senhor, toda a miséria daquela mulher lhe passou pela memória. Seus pecados, suas angústias, seus medos, sua solidão, sua pequenez. Tanto sofrimento jorrou de seus olhos na forma de lágrimas.

O arrependimento e, ao mesmo tempo, a alegria pela presença do amor de Deus brotaram de sua face como um rio intermitente e logo banharam os pés de Jesus. Mas talvez aquilo ainda não fosse suficiente.

- Como poderia o Senhor ter os pés molhados pelas lágrimas de uma pecadora...? Foi isso que pensou o fariseu e talvez tenha sido isso que tenha pensado aquela mulher.

Era preciso enxugar os pés do Senhor, mas ela não tinha uma toalha ali. Então vem a segunda prova de amor. Aquela mulher se despe de sua beleza, deixa de lado sua vaidade feminina e usa seus próprios cabelos para enxugar os pés de Jesus e enquanto os enxugava o amor a preenchia e ela, que ainda não se sentia digna do Senhor, começa a beijar-Lhe os pés.


Ainda faltava um ato amoroso. Aquela mulher não deu simplesmente óleo para Jesus ungir a cabeça, mas levou talvez o que tinha de mais valioso, um vaso cheio de perfume. E não levou com a pretensão de colocar na cabeça de Jesus, mas de derramar em Seus pés.

De tudo isso, podemos concluir que aquela mulher pecadora, não agiu por um impulso de momento, mas ela saiu de sua casa determinada a receber Jesus. Ela não poderia recebê-lo em sua casa, pois era pecadora. Então ela foi recebê-lo na casa do fariseu e foi preparada para oferecer as honras que nem mesmo um convidado especial teria.

Banhou os pés de Jesus, enxugou-os, beijou-os e ungiu-os com perfume.

Essa mulher não recebeu Jesus em sua casa, como fez o fariseu, mas O recebeu em seu coração.

Jesus mesmo nos ensinou a lar os pés uns dos outros.

“14. Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros.
15. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós.” (Jo 13,14-15)

Mas se nós devemos lavar os pés uns dos outros, porque não repetir o gesto daquela pecadora e lavar os pés de Jesus? Devemos banhar os pés dEle com nossas misérias, depois tirar nossa vaidade e orgulho que nos impedem de dobrar os joelhos, para enxugar os pés de Jesus. Devemos nos aproximar do Senhor com tamanho amor que nos sintamos desejosos de beijar os Seus pés. E ainda, devemos levar o nosso melhor para Jesus e colocar também aos Seus pés.

Podemos e devemos convidar Jesus para entrar em nossas casas, em nossas vidas, mas não devemos trata-lo como convidado, muito menos acharmos que somos os senhores do banquete. Jesus é o Senhor. É Ele o anfitrião e nós os humildes convidados escolhidos por Ele.


É importante notar que aquela mulher não teve tais atitudes de amor porque Jesus a havia perdoado, mas que Jesus a perdoou porque viu o seu amor.

Devemos ter a clareza dos nossos pecados, não para nos sentirmos indignos de Jesus, mas para termos a coragem de nos lançarmos aos Seus pés e simplesmente amá-lo por Seu amor e Sua misericórdia.

QUE POSSAMOS APRENDER COM A PECADORA PERDOADA A AMAR JESUS E CORRER AO SEU ENCONTRO LEVANDO NOSSAS MISÉRIAS E TAMBÉM NOSSOS DONS, AQUILO QUE TEMOS DE MELHOR, PARA COLOCAR AOS PÉS DELE E ASSIM FRUTIFICAR O ALIMENTO DO BANQUETE.


Tayson Queiroz

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