Conhecendo a Quaresma - Estrutura do Tempo Quaresmal
Celebrar a Quaresma
significa “penetrar profundamente no mistério de Cristo por meio das
celebrações anuais do sacramento quaresmal”. A Quaresma é um sinal definido
fundamentalmente pela graça e pela salvação conseguidas por Cristo, novo Israel
(cf. Mt 2,15), e pela conversão, pela fé, pelo batismo e pela penitência (cf.
SC 109-110).
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
A celebração
atual deste dia reinterpretou o rito da cinza (cf. Gn 3,19) como expressão da
vontade de conversão diante do chamado de Deus. Por isso, introduziu-se uma
nova bênção sobre aqueles que vão receber as cinzas e se situou o rito depois
da homilia. As leituras da missa convidam à autenticidade das obras
penitenciais da Quaresma: Jl 2,12-18; 2Cor 5,20–6,2 e Mt 6,1-6.16-18. A Liturgia das
Horas completa essa perspectiva, programática para toda a Quaresma, com o texto
de Is 58,1-12 e de outros profetas, com uma passagem da Primeira Carta de São Clemente
no ofício das leituras. Os outros textos propõem as atitudes para viver a
Quaresma.
Os dias de
semana seguintes à Quarta-Feira de Cinzas se mantêm na mesma linha, com textos
sobre as obras penitenciais. Na quinta-feira depois das Cinzas começa-se a
leitura semicontínua do Livro do Êxodo no ofício das leituras.
OS DOMINGOS DA QUARESMA
Constituem a
trama de toda a Quaresma, especialmente no ano A, de acentuado caráter
batismal. O ano B, ao contrário, desenvolve uma linha cristológico-pascal,
enquanto o ano C é mais penitencial. Mas o I e o II domingos dos três anos têm maior
acento cristológico, enquanto o III, o IV e o V domingos têm acento
eclesiológico e sacramental. O Domingo de Ramos tem fisionomia própria. A
seguir, a série de leituras dominicais da missa:
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Ano A
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Ano B
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Ano C
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I Dom.
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Gn 2,7-9;3,1-7
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Gn 9,8-15
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Dt 26,4-10
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Rm 5,12-19
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1Pd 3,18-22
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Rm 10,8-13
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Mt 4,1-11
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Mc 1,12-15
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Lc 4,1-13
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II Dom.
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Gn 12,1-4a
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Gn 22,1-2.9.15-18
|
Gn 15, 5-12.17-18
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2Tm 1,8-10
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Rm 8,31-34
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Fl 3,17–4,1
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Mt 17,1-9
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Mc 9,1-9
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Lc 9,28-36
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III Dom.
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Ex 17,3-7
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Ex 20,1—17
|
Ex 3,1-8.13-15
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Rm 5,1-2.5-8
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1Cor 1,22-25
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1Cor 10,1-6
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Jo 4,5-42
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Jo 2,13-25
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Lc 13,1-9
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IV Dom.
(Laetare)
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1Sm 16,1.6-7.10-13
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1Cr 36,14-16.19-23
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Js 5,9-12
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Ef 5,8-14
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Ef 2,4-10
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2Cor 5,17-21
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Jo 9,1-41
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Jo 3,14-21
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Lc 15,1-3.11-32
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V Dom.
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Ez 37,12-42
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Jr 31,31-34
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Is 43,16-21
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Rm 8,8-11
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Hb 5,7-19
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Fl 3,18-14
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Jo 11,1-45
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Jo 12,20-33
|
Jo 9,1-11
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Dom. de
Ramos
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Mt 21,1-11
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Mc 11,1-10
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Lc 19,28-40
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Is 50,2-7
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=
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=
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Fl 2,6-11
|
=
|
=
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Mt 26,14–27,66
|
Mc 14,1–15,47
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Lc 22,14–23,56
|
As leituras
do Antigo Testamento se referem à história da salvação, tema muito próprio da
catequese quaresmal. Cada ano tem uma série de textos que apresentam
diacronicamente as diversas etapas desta história, desde o princípio até a
promessa da Nova Aliança. As seguintes leituras, numa perspectiva distinta e
sincrônica, completam o significado de cada domingo. Os temas nucleares do I e
do II domingos dos três anos são coincidentes: Cristo, o Servo, atravessa o
deserto conduzido pelo Espírito, e é confirmado como enviado do Pai para
cumprir a missão de salvação. Os evangelhos respectivos são tirados dos
sinóticos.
Os temas do
III, do IV e do V domingos do ano A são centrados na água viva, na luz e na
Ressurreição, respectivamente. No ano B, aludem a outros tantos sinais do
mistério pascal: o templo, a serpente de bronze e o grão de trigo, tirados do
IV Evangelho. Os temas do III ao V domingos do ano C formam a série “da
misericórdia divina”: interpretação de alguns fatos lutuosos, o filho pródigo e
a adúltera. Os textos pertencem ao Evangelho segundo Lucas, exceto o último,
tirado de São João.
As orações do
dia (coletas) e os prefácios próprios do I e do II domingos e do III, do IV e
do V domingos, quando são lidos os evangelhos do ano A, completam o quadro. Os
textos do ofício giram em torno de aspectos gerais da Quaresma e do mistério
pascal de Jesus Cristo, especialmente no V domingo e no de Ramos. O ofício das
leituras dos domingos da Quaresma propõe a lição que corresponde ao Êxodo (I,
II e III dom.) e do Levítico (IV dom.), dado que esses livros são lidos desde o
começo da Quaresma. No V domingo, começa a leitura da Carta aos Hebreus. A
leitura patrística dos domingos leva em conta os grandes temas evangélicos
dominicais do ciclo A. O I, o II, o III e o IV domingos têm em comum as
leituras breves das laudes, do ofício do meio-dia e das vésperas, assim como o
V domingo e o Domingo de Ramos.
No Domingo
de Ramos, proclama-se o relato da entrada de Jesus em Jerusalém no rito da
bênção dos ramos, e a Paixão do Senhor na missa, cada ano segundo o respectivo
sinótico. As demais leituras da missa e o salmo falam da atitude do Servo,
completando-se o quadro com a lição bíblica do ofício das leituras (Hb 10,1-18)
e a de santo André de Creta.
Fonte:
MARTÍN, Julián López. A Liturgia da
Igreja: teologia, história, espiritualidade e pastoral. São Paulo,
Paulinas, 2006
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