Toque do Espírito

Todos desejam a paz, mas nem todos buscam as coisas que produzem a verdadeira paz.

Tomás de Kempis

O milagre do machado e a realização de nossa essência - Resgate seus dons!


2Reis 6


1. Os filhos dos profetas disseram a Eliseu: Vê: o lugar em que moramos contigo tornou-se estreito demais para nós.
2. Vamos até o Jordão, tomemos dali cada um de nós uma viga, e construamos ali uma sala em que habitemos. Ide, respondeu-lhes ele.
3. Mas vem também tu com os teus servos, ajuntou um deles. Eu irei, disse ele.
4. E partiu com eles. Chegados ao Jordão, puseram-se a cortar madeira.
5. Ora, estando um deles a cortar uma árvore, eis que o seu machado caiu na água. Ah, meu senhor!, exclamou ele. Porque o machado era emprestado.
6. Onde caiu ele?, perguntou o homem de Deus. Ele mostrou-lhe o lugar. Eliseu cortou um pedaço de madeira, jogou-o na água, e o ferro do machado veio à tona.
7. Tira-o, disse ele. O homem estendeu a mão e tomou-o.


REFLETINDO


Esse texto do Segundo Livro de Reis nos conta a história prodigiosa de um milagre realizado por Eliseu, o Homem de Deus, mas também nos leva a pensar sobre o que acontece com a vida do cristão, seu serviço e seus dons. Por muitas vezes fraquejamos em nosso serviço para Deus, desanimamos, ou nos sentimos desorientados, sem saber o que fazer. É sobre isso que vamos refletir.

A quantidade de profetas que acompanhavam Eliseu estava crescendo. Por isso o lugar em que moravam foi ficando apertado. É o mesmo que acontece em nossas comunidades e grupos. A graça de Deus vai enchendo o lugar até que necessitamos espalhar essa abundância de bênçãos pelo mundo.

Não significa abandonar seu grupo ou comunidade, mas em ampliar suas atividades e mesmo sua estrutura, para poder receber cada vez mais novos “profetas” que trabalharão para Deus. Se isso não acontecer, não só o grupo/comunidade ficará “fechado” aos novos “profetas” como também os que ai já existirem serão sufocados pelo pouco espaço, pela falta de possibilidades.

O Espírito de Deus é dinâmico e nos leva a sempre expandir a graça do Altíssimo pelo mundo. EXPANDIR A GRAÇA! Eis o objetivo de todo cristão. LEVÁ-LA AO MUNDO! Eis ai sua missão e desafio. Para fazer essa expansão é preciso trabalhar duro. É necessário arregaçar as mangas e formar vigas que sustentem toda a obra.


Cada um tem por missão formar PELO MENOS uma viga, sua parcela de contribuição na construção do Reino de Deus. Mas também isso não significa que só possamos construir uma viga. Podemos o construir o máximo que nossa fé e determinação permitirem.

Os profetas estavam indo fazer a expansão do Reino, mas não estavam esquecendo Eliseu e seus servos. Não se pode ignorar o lugar e as pessoas que fizeram parte de nossos primeiros passos na fé. Por isso, eles chamam o Homem de Deus e seus servos para acompanharem. Aqui podemos até mesmo imaginar que Eliseu tenha ido para ajudar esses novos profetas a construir sua casa.

É esse também o papel dos coordenadores e líderes de comunidades e grupos. Não podemos simplesmente deixar que cada um “se vire” com seus desafios. A experiência dos líderes deve estar À SERVIÇO daqueles que se iniciam na fé. Não é para dar ordens, nem para negligenciar, mas para auxiliar os “jovens profetas”.

Os profetas foram cortar madeira para as vigas que sustentariam a casa. Curioso lembrar que a mesma madeira que é viga para a casa, também foi cruz para o Cristo e sinal de salvação para todos nós. A cruz pode ser pesada e difícil de carregar mas é sinal de nossa salvação e viga na qual trabalhamos durante nossa vida, preparando nossa morada no Reino dos Céus.


Para cortar a madeira, eles usaram machados. Esses machados correspondem aos nossos dons. Nossos dons precisam estar “afiados” para a construção do Reino.

Mas um dos profetas perdeu o ferro de seu machado, que caiu na água. Ora, para ele ter perdido o machado, podemos imaginar que seu entusiasmo em cortar a madeira foi grande, de modo que ele empregava sua força cortar a madeira, mas faltou um cabo forte para segurar o machado e este foi para onde não devia.

É o que acontece conosco. Muitas vezes nosso desejo de Deus nos faz trabalhar com todo o entusiasmo, dando tudo de nós, mas esquecemos que devemos segurar nossos dons com o cabo da fé, senão nosso machado de dons baterá nas dificuldades e irá afundar no rio do mundo.


De acordo com o princípio físico da Ação e Reação, o machado “bate” na árvore e a árvore “bate” de volta no machado. Por isso, não basta empregar a força no arremesso do machado, mas é preciso força também para segurar o impacto da árvore. Do mesmo modo, não adianta apenas nos lançarmos com entusiasmo no mundo para usar nossos dons, mas precisamos desenvolver a fé necessária para sustentá-los quando batermos nas dificuldades.

O machado do profeta afundou na água. Nenhum machado foi feito para nadar. A essência do machado é cortar madeira. QUAL A SUA ESSÊNCIA? QUAL O SEU DOM E DE QUE MODO DEUS ESPERA QUE VOCÊ O USE?

Assim como o machado era emprestado, nossos dons também são emprestados. Não nascem de nós mesmos, mas de Deus. São talentos que o Senhor nos concede, não para que os afoguemos e escondamos, mas para fazê-los frutificar.

“14. Será também como um homem que, tendo de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens.
15. A um deu cinco talentos; a outro, dois; e a outro, um, segundo a capacidade de cada um. Depois partiu.
16. Logo em seguida, o que recebeu cinco talentos negociou com eles; fê-los produzir, e ganhou outros cinco.
17. Do mesmo modo, o que recebeu dois, ganhou outros dois.
18. Mas, o que recebeu apenas um, foi cavar a terra e escondeu o dinheiro de seu senhor.
26. Respondeu-lhe seu senhor: - Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei.
27. Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os juros o que é meu.
28. Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez.
29. Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á mesmo aquilo que julga ter.”

O homem pede a ajuda de Eliseu, que pergunta onde o machado caiu. Essa é a grande pergunta que devemos nos fazer:

ONDE EU DEIXEI MEUS DONS CAÍREM? EM QUE MOMENTO DA MINHA VIDA EU OS DEIXEI CAIR? EM QUE SITUAÇÃO?


Eliseu perguntou isso ao homem, pois não adiantaria querer retirar o machado de um ponto do rio distante de onde ele havia caído. Assim são nossos dons. Muitas vezes nos deixamos abater e levar pela correnteza de problemas. Mas mesmo que nossa vida e os problemas corram como um rio devemos parar e olhar exatamente para o momento e a situação em que perdemos nossos dons.

Muitas vezes queremos simplesmente esquecer o passado e deixar que as águas da vida levem as lembranças junto com os problemas. Isso é bom quando decidimos abandonar o velho e fazer nascer o novo. Mas os dons de Deus são irrevogáveis. Não podemos simplesmente deixar a correnteza do rio da vida levá-los e esperar que Deus nos dê outros dons. Devemos ir atrás daqueles que nos pertencem e pelos quais somos responsáveis. E, para isso, temos que retornar ao momento exato em que os deixamos cair.

Para trazer o machado à tona Eliseu cortou um pedaço de madeira e o jogou na água, no lugar em que o objeto havia caído e ele voltou à superfície. Isso aconteceu porque a essência do machado é buscar a madeira e não a água. Além disso, o ferro do machado buscava seu complemento, aquele pedaço de madeira que o faria ter sentido.


Era preciso um pedaço novo de madeira, porque o velho não servia mais. Assim como é preciso que nosso espírito seja constantemente renovado na fé, para que não corramos o risco deixar nossos dons irem embora “rio abaixo”. O machado busca realizar a sua essência e, para isso, se mostra mais forte que a gravidade e a correnteza do rio. Mas só isso não basta. Eliseu ordena que o homem pegue o machado. O homem também precisou enfrentar a distância para completar o milagre.

A partir desse exemplo podemos concluir que se trouxermos para nossa vida as coisas de Deus, nossos dons irão naturalmente se manifestar e vencer as dificuldades para realizarem sua essência. Mas nós também precisamos estar dispostos a vencer as dificuldades e, se preciso, até mesmo entrar no rio, nos molhar e enfrentar a correnteza para pegá-los de volta.

SEJAMOS COMO BONS PROFETAS QUE UTILIZAM SEUS MACHADOS DE DONS PARA FORMAR VIGAS QUE SERVIRÃO DE BASE PARA EXPANDIR A GRAÇA DE DEUS SOBRE A TERRA. PREPAREMOS O REINO DE DEUS PARA QUE CADA VEZ MAIS NOVAS PESSOAS POSSAM PARTICIPAR DA GRAÇA DIVINA E ESTEJAMOS ATENTOS PARA QUE NUNCA DEIXEMOS DE REALIZAR NOSSA ESSÊNCIA.


Tayson Queiroz

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