A bênção de Deus na vida do casal - Parte 02

Tobias e Sara

Capítulo 6

1. Tobias partiu, pois, seguido de seu cão, e deteve-se na primeira parada à beira do rio Tigre.
2. Descendo ao rio para lavar os pés, eis que um enorme peixe se lançou sobre ele para devorá-lo.
3. Aterrorizado, Tobias gritou, dizendo: Senhor, ele lança-se sobre mim.
4. O anjo disse-lhe: Pega-o pelas guelras e puxa-o para ti. Tobias assim o fez. Arrastou o peixe para a terra, o qual se pôs a saltar aos seus pés.
5. O anjo então disse-lhe: Abre-o, e guarda o coração, o fel e o fígado, que servirão para remédios muito eficazes. Ele assim o fez.
6. A seguir ele assou uma parte da carne do peixe, que levaram consigo pelo caminho. Salgaram o resto, para que lhes bastasse até chegarem a Ragés, na Média.
7. Entretanto, Tobias interrogou o anjo: Azarias, meu irmão, peço-te que me digas qual é a virtude curativa dessas partes do peixe que me mandaste guardar.
8. O anjo respondeu-lhe: Se puseres o coração e o fígado sobre brasas, a sua fumaça expulsará toda espécie de mau espírito, tanto do homem como da mulher, e impedirá que ele volte de novo a eles.
9. Quanto ao fel, pode-se fazer com ele um ungüento para os olhos que têm uma escama, porque ele tem a propriedade de curar.

10. Em seguida Tobias disse-lhe: Onde queres que pousemos?
11. Há aqui, respondeu o anjo, um homem de tua tribo e de tua família, chamado Raguel, que tem uma filha chamada Sara; além dela não tem mais filha.
12. Todos os seus bens te devem pertencer: mas é preciso que a recebas por mulher.
13. Pede-a, pois, ao seu pai, e ele ta dará por mulher.
14. Tobias replicou: Ouvi dizer que ela já teve sete maridos, e que todos morreram. Diz-se mesmo que foi um demônio que os matou,
15. por isso eu temo que o mesmo venha a me acontecer, a mim que sou filho único, e desse modo faça descer lamentavelmente a velhice de meus pais à habitação dos mortos.
16. O anjo respondeu-lhe: Ouve-me, e eu te mostrarei sobre quem o demônio tem poder:
17. são os que se casam, banindo Deus de seu coração e de seu pensamento, e se entregam à sua paixão como o cavalo e o burro, que não têm entendimento: sobre estes o demônio tem poder.
18. Tu, porém, quando te casares e entrares na câmara nupcial, viverás com ela em castidade durante três dias, e não vos ocupareis de outra coisa senão de orar juntos.

19. Na primeira noite, queimarás o fígado do peixe, e será posto em fuga o demônio.
20. Na segunda noite, serás admitido na sociedade dos santos patriarcas.
21. Na terceira noite, receberás a bênção que vos dará filhos cheios de saúde.
22. Passada esta terceira noite, aproximar-te-ás da jovem no temor ao Senhor.

REFLETINDO

Primeiramente vemos um grande peixe que se lança contra Tobias, para devorá-lo. Ora, o peixe era o alimento popular daquela época e Tobias estava fazendo algo normal também, lavar os pés. Essa cena mostra situações do nosso dia-a-dia que tentam nos engolir. Nesse caso específico a sexualidade.

O grande peixe representa a nossa sexualidade como um todo, atitudes e sentimentos. Ela, assim como o peixe, deveria está sob o nosso domínio para completarmos nossa essência, e não para ser nossa predadora. Não é a sexualidade que deve nos devorar, mas nós que devemos submetê-la.

Diante daquela força que tentava devorá-lo, Tobias ficou paralisado, sem coragem de reagir e pronto para ser engolido. É como acontece no nosso dia-a-dia, onde situações corriqueiras nos preparam para sermos engolidos pela sexualidade e nós apenas esperamos a situação, como algo que não pode ser mudado. São aqueles pensamentos do tipo: “O mundo mudou... A gente tem que se adaptar mesmo... O sexo deve ser experimentado por todos... Cada um sabe o que fazer do seu corpo... Eu transo com quem eu quiser e quando eu quiser...”

Mas o anjo de Deus estava ali para orientar. O jovem Tobias não podia se entregar. Ele deveria lutar e agarrar o peixe e dominá-lo. Você também precisa fazer isso. NÃO SE ENTREGUE! LUTE! AGARRE A SUA SEXUALIDADE E DOMINE-A! Mostre à sua sexualidade que você é quem manda. Mesmo que ela salte aos seus pés, tenha sua sexualidade dominada.

Ao dominar o peixe, Tobias ouve o anjo dizer para abri-lo e guardar o coração, o fígado e o fel, que serviriam de remédios muito eficazes. Tobias não entende, mas segue o conselho e então vem a explicação. É nesse momento que o anjo ensina a Tobias a receita da castidade.

Para o povo da Bíblia, o CORAÇÃO ERA O LUGAR DOS PENSAMENTOS E O FÍGADO ERA AFETADO PELOS MAUS SENTIMENTOS (daí dizer-se popularmente que quando alguém tem raiva inflama o fígado). Curioso saber que os rins eram tidos como o local dos sentimentos em geral, mas a ênfase fica no fígado, associado aos maus sentimentos. O FEL É A SUBSTÂNCIA AMARGA PRODUZIDA PELO FÍGADO (a bile). É extremamente amarga, porém benéfica e necessária para a boa digestão dos alimentos.

O anjo explica para Tobias que ele precisa colocar o coração e o fígado sobre brasas, para afugentar os maus espíritos. Ou seja, É PRECISO QUE NÓS COLOQUEMOS NOSSOS PENSAMENTOS E MAUS SENTIMENTOS NA BRASA VIVA DO ESPÍRITO SANTO, PARA SEREM PURIFICADOS E, ASSIM, AFASTAR O DEMÔNIO E IMPEDI-LO DE RETORNAR.

O fel produzido pelo fígado, apesar de extremamente amargo, é benéfico. Quando o fígado inflama (maus sentimentos), há uma dificuldade na produção de bile, que é necessária para o corpo. Em outras palavras, QUANDO NOS DEIXAMOS DOMINAR PELOS MAUS SENTIMENTOS, OS FRUTOS DA CASTIDADE DEIXAM DE SER PRODUZIDOS. PARA SABOREAR ESSES FRUTOS E VIVER UMA RELAÇÃO SAUDÁVEL E FELIZ É PRECISO EXPERIMENTAR O AMARGOR DA CONTINÊNCIA. MAS DEVEMOS TER ÂNIMO, POIS É PRECISO EXPERIMENTAR PRIMEIRO O AMARGO PARA DEPOIS SACIAR-SE DO DOCE.

Esse mesmo fel do peixe, Tobias vai usar posteriormente para curar a visão de seu pai, o que nos faz compreender que o amargor da continência nos leva a enxergar melhor a relação e, assim, superar seus problemas. É como diz o Catecismo da Igreja Católica:

“2350     Os noivos são convidados a viver a castidade na continência. Nessa provação eles verão uma descoberta do respeito mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus.”

Sara, prima de Tobias, já havia tido 7 maridos e todos tinham morrido. Tobias teve medo de ser apenas mais um na vida de Sara e, por isso, temeu o casamento. Nos dias de hoje é exatamente isso o que se ver. Pessoas descompromissadas com elas mesmas, com a família, com os valores morais, religiosos e descompromissadas com a felicidade do outro.

São pessoas que, desde cedo, aprendem que “ninguém é de ninguém”. Que o importante é “pegar” sem se apegar, porque os que amam de verdade não têm vez, são apenas mais um na vida de alguém. Para superar o medo do desprezo a solução para os que querem amar de verdade é “adaptar-se”, “não ser de ninguém” e, assim, evitar um suposto sofrimento.

Mas mais uma vez o anjo vem em socorro de Tobias para orientá-lo.

“16. O anjo respondeu-lhe: Ouve-me, e eu te mostrarei sobre quem o demônio tem poder:
17. são os que se casam, banindo Deus de seu coração e de seu pensamento, e se entregam à sua paixão como o cavalo e o burro, que não têm entendimento: sobre estes o demônio tem poder.”

Aqueles que excluem Deus de suas vidas, esses são os que verdadeiramente sofrem. Relacionamentos fragilizados, sem estabilidade porque, desde o início, tiveram como foco a satisfação sexual. Casamentos fadados à ruína e ao sofrimento porque os casais não aprenderam a resolver seus problemas ainda na época de namoro e noivado (quando esse acontece...)

Casamentos marcados pela traição, porque homem e mulher não aprenderam a dominar seus impulsos sexuais durante o namoro e o noivado. Porque não aprenderam que mais importante que o sexo é o diálogo. Porque não dominaram seus desejos nem com a beleza conhecida, muito menos com a beleza desconhecida.

Casais que acham que resolvem suas diferenças na cama, mas na verdade só as encobrem com os lençóis. E na hora da lavagem de roupa toda aquela lama de problemas escorre e a relação adoece.

PROVA DE AMOR NÃO É IR PARA A CAMA COM ALGUÉM. PROVA DE AMOR É ESTAR COM ALGUÉM, SEM IR PARA A CAMA E, MESMO ASSIM, CONTINUAR A AMÁ-LO(A) E RESPEITÁ-LO(A).

O texto termina com outros ingredientes para uma relação feliz:

1.      “Viverás com ele(a) em castidade.”

2.      “Orar juntos.”

3.      “Aproximar-te-ás do(a) jovem no temor ao Senhor.” (Tendo em vista, fazer a vontade de Deus.)

Dessa forma, vivendo a castidade, mesmo dentro do matrimônio, através do respeito e da fidelidade, orando juntos e reconhecendo Deus como Senhor da relação, o casal tem a receita da felicidade para uma vida a dois. Uma relação abençoada por Deus, cheia de frutos.

NÃO SEJAMOS COMO O CAVALO OU O BURRO, QUE NÃO DOMINAM SUAS PAIXÕES, MAS SEJAMOS HOMENS E MULHERES DE DEUS, QUE A EXEMPLO DE TOBIAS E SARA, SOUBERAM VIVER UMA RELAÇÃO SANTA E FELIZ.

Tayson Queiroz